domingo, 21 de agosto de 2011

Missa final da JMJ 2011 com mais de um milhão e meio de jovens. Bento XVI lança jovens contra mundo de «rejeição» e «indiferença»

Pope Benedict XVI waves to over a million pilgrims from the stage after he led a mass at the Cuatro Vientos aerodrome as part of World Youth Day festivities in Madrid, August 21 2011.

Madri, 21 ago (RV) Bento XVI apelou hoje aos jovens católicos de todo o mundo para que testemunhem a sua fé publicamente, mesmo em “lugares onde prevalece a rejeição ou a indiferença”.

O Papa falava na homilia da missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2011, no aeródromo madrileno de Cuatro Vientos, onde se encontram mais de um milhão e meio de jovens.

Retomando uma ideia já apresentada durante a visita de quatro dias à capital espanhola, iniciada quinta-feira, Bento XVI alertou contra a “mentalidade individualista que predomina na sociedade”, frisando que os jovens correm “o risco de nunca encontrar Jesus Cristo, ou de acabar seguindo uma imagem falsa dele”.

O espaço de Cuatro Vientos, onde João Paulo II esteve em 2003 na sua última viagem a Espanha, foi alargado pela organização do evento, após ter sido completamente lotado este sábado pelos participantes na JMJ, vindos de mais de 130 países.

A homilia de Bento XVI centrou-se no evangelho deste domingo, com a profissão de fé de Pedro, que confessa Jesus como “o Filho do Deus vivo”, em resposta à interpelação do Mestre: “Quem dizeis vós que eu sou?”

“Pedro responde formulando a primeira confissão de fé: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». A fé vai mais longe que os simples dados empíricos ou históricos, e é capaz de apreender o mistério da pessoa de Cristo na sua profundidade.  A fé, porém, não é fruto do esforço do homem, da sua razão, mas é um dom de Deus”.

Justamente lhe diz Jesus «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu». A fé tem a sua origem na iniciativa de Deus, que nos desvenda a sua intimidade e nos convida a participar da sua própria vida divina.

“A fé não se limita a proporcionar alguma informação sobre a identidade de Cristo, mas supõe uma relação pessoal com Ele, a adesão de toda a pessoa, com a sua inteligência, vontade e sentimentos, à manifestação que Deus faz de Si mesmo. Deste modo, a pergunta de Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?», no fundo está impelindo os discípulos a tomarem uma decisão pessoal em relação a Ele.”

Para nós, como para os próprios apóstolos, “a fé tem que se consolidar e crescer, tornar-se mais profunda e madura, à medida que se intensifica e fortalece a relação com Jesus, a intimidade com Ele”.

O Papa exortou os jovens a responderem pessoalmente, “com generosidade e coragem”, à interpelação direta que Jesus faz a cada um. Dizei-Lhe: Jesus, eu sei que Tu és o Filho de Deus que deste a tua vida por mim. Quero seguir-Te fielmente e deixar-me guiar pela tua palavra. Tu conheces-me e amas-me. Eu confio em Ti e coloco nas tuas mãos a minha vida inteira. Quero que sejas a força que me sustente, a alegria que nuca me abandone.

Mas, na sua reposta à confissão de Pedro (prosseguiu o Papa), Jesus fala da sua Igreja: «Também Eu te digo: Tu é Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja».

“Jesus constrói a Igreja sobre a rocha da fé de Pedro, que confessa a divindade de Cristo. Sim, a Igreja não é uma simples instituição humana, como outra qualquer, mas está intimamente unida a Deus. O próprio Cristo Se refere a ela como a «sua» Igreja.”

“Não se pode separar Cristo da Igreja, tal como não se pode separar a cabeça do corpo – insistiu Bento XVI. A Igreja não vive de si mesma, mas do Senhor.”

“Queridos jovens, permiti que, como Sucessor de Pedro, vos convide a fortalecer esta fé que nos tem sido transmitida desde os apóstolos, a colocar Cristo, Filho de Deus, no centro da vossa vida. Mas permiti também que vos recorde que seguir Jesus na fé é caminhar com Ele na comunhão da Igreja”.

O Papa pediu aos jovens para não cederem à “tentação de ir «por conta própria» ou de viver a fé segundo a mentalidade individualista, que predomina na sociedade”.

“Ter fé é apoiar-se na fé dos teus irmãos, e fazer com que a tua fé sirva também de apoio para a fé de outros. Peço-vos, queridos amigos, que ameis a Igreja, que vos gerou na fé, que vos ajudou a conhecer melhor Cristo, que vos fez descobrir a beleza do Seu amor.”

A concluir, Bento XVI pediu aos jovens que não guardem para si só o conhecimento e o amor de Jesus Cristo, mas comuniquem aos outros “a alegria da própria fé”, pois o mundo necessita deste testemunho.

O presidente do Conselho Pontifício para os Leigos, cardeal Stanislaw Rylko, dirigiu ao Papa palavras de agradecimento, sublinhada por uma salva de palmas dos presentes, e disse que os jovens “estão prontos de sair de Madrid para o mundo inteiro”.